Sequência Didática em Competência Leitora
para alunos de 9º ano
Texto “Aeroporto”
(Carlos Drummond de Andrade)
O primeiro momento da Sequência Didática, será
realizado através de uma sensibilização para o texto escolhido.
ANTES
·
Falar aos alunos que o texto aborda
uma situação que podemos encontrar no nosso dia a dia; que é interessante,
emocionante, além de surpreendente.
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Chamar a atenção dos alunos para o
gênero que lerão – crônica - tentando assim, ativar os conhecimentos prévios
acerca desse gênero através de perguntas como: Você costuma prestar atenção às
coisas que acontecem ao seu redor? Alguma vez já parou para refletir sobre algo
que tenho acabado de observar?
·
Explicar aos alunos que o texto a ser
trabalhado pertence à tipologia narrativa e questioná-los quanto a isso: o que
se lembram sobre texto narrativo? O que se lembram sobre a crônica? Caso
esqueçam de algumas das características relembrá-los(espaço, tempo, foco
narrativo, personagem, diálogo, clímax e desfecho).
·
Detectar os conhecimentos prévios dos
alunos a respeito do título: o que sabem, ou já ouviram falar, sobre “Aeroporto”?
·
Passar o vídeo institucional sobre a
rotina diária do aeroporto do Galeão: http://www.youtube.com/watch?v=lsQq_ZpGdvg
·
Depois de assistirem o vídeo fazer
algumas perguntas como: Qual é o assunto que eles esperam encontrar no texto
que será lido? O que as pessoas fazem em um aeroporto? Eles já foram a algum
aeroporto? É um lugar alegre ou triste? Dá para perceber sensações e emoções
diferentes em um aeroporto? Por quê?
·
Diante dessas questões e informações
levantadas, embarcar na leitura em voz alta (feita pelo professor) para
comprovar ou não as expectativas criadas – leitura compartilhada.
·
Aeroporto
Carlos Drummond de Andrade
Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao
Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não
faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa
matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-la a
fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras e, a bem dizer, não se
digne pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de
gestos e expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu
sistema.
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi
hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua
arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá
prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas
intenções para com o mundo ocidental e o oriental e em particular o nosso
trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse
sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.
Devo admitir que Pedro, como visitante, nos
deu trabalho: tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais,
sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso
compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade,
sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta
ou inoportuno. Suas horas de sono — e lhe apraz dormir não só à noite como
principalmente de dia — eram respeitadas como ritos sacros a ponto de não
ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume,
e não se zangaria com a gente, porém é que não nos perdoaríamos o corte de seus
sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para
violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à
tortura da TV. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no
escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.
Objeto que visse em nossa mão, requisitava-o.
Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e
vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho.Não é
colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua
mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é
péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu
sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis — porque me esquecia de dizer que
tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada sobre a
razão íntima de seus atos.
Poderia acusá-lo de incontinência, porque não
sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer
parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais
me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de
irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia
que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade — e, até, que a nossa
amizade lhes conferia caráter necessário, de prova; ou gratuito, de poesia e
jogo.
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na
falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído.
De repente o aeroporto ficou vazio.
DURANTE
·
Ao longo do texto surgirão palavras
que talvez eles não reconheçam = Galeão, quadrimotor, vã, parco, ameno,
ostensiva, abonam, inoportuno, apraz, ritos sacros, Bach, requisitava-o,
incontinência e puído. Tentar esclarecer essas palavras conforme forem
aparecendo durante a leitura através de inferência ou consulta ao dicionário;
·
Depois de ler o primeiro parágrafo,
perguntar aos alunos se eles já conseguem formar uma ideia de quem e como é
Pedro;
·
Ler o segundo parágrafo e novamente
pausar a leitura para indagar se imaginam o porquê de Pedro ser tão querido
pelas pessoas;
·
Lido o terceiro parágrafo, verificar
com eles se a ideia e imagem que fizeram acima se confirmam. Também perguntar
se eles gostariam de receber em suas casas alguém como Pedro e também por que
será que apesar de todo o trabalho que esse hóspede dá, as pessoas continuam se
importando tanto com ele;
·
No quarto parágrafo, verificar com os
alunos se eles imaginam o porquê de Pedro agir assim: querer pegar todas as
coisas que vê e ainda pô-las na boca;
·
No quinto parágrafo, verificar mais
uma vez a imagem que estão fazendo de Pedro: elas se mantiveram durante a
leitura? Alguém já faz ideia de quem é ele?
·
No último parágrafo, onde o
“mistério” é revelado, levá-los a refletir sobre a última fala do narrador “De
repente o aeroporto ficou vazio.”. O que será que o narrador quis dizer com
isso? Após algumas respostas questionar se eles já se sentiram assim algum dia.
DEPOIS
·
Feita essa leitura e tendo discutido
todas as hipóteses já reveladas, partir para o momento de reconto. Agora, o
professor pode designar um aluno para isso, ou ainda, permitir que a sala, em
ordem, vá recontando a história lida. Enquanto os alunos recontam, o professor
anota as informações na lousa – o professor também pode intervir nesse processo
relembrando fatos que os alunos podem ter esquecido.
·
Nesta nova etapa, o professor pode
solicitar aos alunos que falem sobre essa relação de amizade mencionada no
texto e pergunte a eles como lidam como são as suas relações de amizade,
lembrando-lhes o valor de uma amizade.
·
Antes de passar para a fase de produção
textual levar a música “Amizade é tudo”
do grupo Jeito Moleque (http://letras.mus.br/jeito-moleque/1545748/).
Depois de ouvir a música perguntar se eles encontraram pontos em comum entre o
texto de Drummond e a música.
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Para finalizar pedir que escrevam um texto narrativo contando a
história de uma grande amizade, pedindo que
eles deixem que depois das devidas correções do professor (pontuação,
ortografia, coesão, coerência) poderá ser compartilhada no blog da escola ou da
classe.
Professora Eliane.
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