segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sequência Didática em Competência Leitora
para alunos de 9º ano

Texto “Aeroporto”
(Carlos Drummond de Andrade)

O primeiro momento da Sequência Didática, será realizado através de uma sensibilização para o texto escolhido.

ANTES
·         Falar aos alunos que o texto aborda uma situação que podemos encontrar no nosso dia a dia; que é interessante, emocionante, além de surpreendente.
·         Chamar a atenção dos alunos para o gênero que lerão – crônica - tentando assim, ativar os conhecimentos prévios acerca desse gênero através de perguntas como: Você costuma prestar atenção às coisas que acontecem ao seu redor? Alguma vez já parou para refletir sobre algo que tenho acabado de observar?
·         Explicar aos alunos que o texto a ser trabalhado pertence à tipologia narrativa e questioná-los quanto a isso: o que se lembram sobre texto narrativo? O que se lembram sobre a crônica? Caso esqueçam de algumas das características relembrá-los(espaço, tempo, foco narrativo, personagem, diálogo, clímax e desfecho).
·         Detectar os conhecimentos prévios dos alunos a respeito do título: o que sabem, ou já ouviram falar, sobre “Aeroporto”?
·         Passar o vídeo institucional sobre a rotina diária do aeroporto do Galeão: http://www.youtube.com/watch?v=lsQq_ZpGdvg
·         Depois de assistirem o vídeo fazer algumas perguntas como: Qual é o assunto que eles esperam encontrar no texto que será lido? O que as pessoas fazem em um aeroporto? Eles já foram a algum aeroporto? É um lugar alegre ou triste? Dá para perceber sensações e emoções diferentes em um aeroporto? Por quê?
·         Diante dessas questões e informações levantadas, embarcar na leitura em voz alta (feita pelo professor) para comprovar ou não as expectativas criadas – leitura compartilhada.
·          
Aeroporto
Carlos Drummond de Andrade

Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-la a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras e, a bem dizer, não se digne pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas intenções para com o mundo ocidental e o oriental e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.
Devo admitir que Pedro, como visitante, nos deu trabalho: tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou inoportuno. Suas horas de sono — e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia — eram respeitadas como ritos sacros a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da TV. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.
Objeto que visse em nossa mão, requisitava-o. Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho.Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis — porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada sobre a razão íntima de seus atos.
Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade — e, até, que a nossa amizade lhes conferia caráter necessário, de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.
       

DURANTE
·         Ao longo do texto surgirão palavras que talvez eles não reconheçam = Galeão, quadrimotor, vã, parco, ameno, ostensiva, abonam, inoportuno, apraz, ritos sacros, Bach, requisitava-o, incontinência e puído. Tentar esclarecer essas palavras conforme forem aparecendo durante a leitura através de inferência ou consulta ao dicionário;
·         Depois de ler o primeiro parágrafo, perguntar aos alunos se eles já conseguem formar uma ideia de quem e como é Pedro;
·         Ler o segundo parágrafo e novamente pausar a leitura para indagar se imaginam o porquê de Pedro ser tão querido pelas pessoas;
·         Lido o terceiro parágrafo, verificar com eles se a ideia e imagem que fizeram acima se confirmam. Também perguntar se eles gostariam de receber em suas casas alguém como Pedro e também por que será que apesar de todo o trabalho que esse hóspede dá, as pessoas continuam se importando tanto com ele;
·         No quarto parágrafo, verificar com os alunos se eles imaginam o porquê de Pedro agir assim: querer pegar todas as coisas que vê e ainda pô-las na boca;
·         No quinto parágrafo, verificar mais uma vez a imagem que estão fazendo de Pedro: elas se mantiveram durante a leitura? Alguém já faz ideia de quem é ele?
·         No último parágrafo, onde o “mistério” é revelado, levá-los a refletir sobre a última fala do narrador “De repente o aeroporto ficou vazio.”. O que será que o narrador quis dizer com isso? Após algumas respostas questionar se eles já se sentiram assim algum dia.

DEPOIS
·         Feita essa leitura e tendo discutido todas as hipóteses já reveladas, partir para o momento de reconto. Agora, o professor pode designar um aluno para isso, ou ainda, permitir que a sala, em ordem, vá recontando a história lida. Enquanto os alunos recontam, o professor anota as informações na lousa – o professor também pode intervir nesse processo relembrando fatos que os alunos podem ter esquecido.
·         Nesta nova etapa, o professor pode solicitar aos alunos que falem sobre essa relação de amizade mencionada no texto e pergunte a eles como lidam como são as suas relações de amizade, lembrando-lhes o valor de uma amizade.
·         Antes de passar para a fase de produção textual  levar a música “Amizade é tudo” do grupo Jeito Moleque (http://letras.mus.br/jeito-moleque/1545748/). Depois de ouvir a música perguntar se eles encontraram pontos em comum entre o texto de Drummond e a música. 

·         Para finalizar pedir que escrevam um texto narrativo contando a história de uma grande amizade, pedindo que eles deixem que depois das devidas correções do professor (pontuação, ortografia, coesão, coerência) poderá ser compartilhada no blog da escola ou da classe. 
Professora Eliane.

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