segunda-feira, 17 de junho de 2013


Sequência Didática – Texto “Aeroporto” (Carlos Drummond de Andrade)

Tempo previsto: 6 a 8aulas
 Sugestão de aula para 9 º Ano
 
O AEROPORTO
Carlos Drummond de Andrade
Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a bem dizer, não se digne de pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e oriental, e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.
Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho; tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores.
Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou importuno. Suas horas de sono - e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia - eram respeitadas como ritos sagrados, a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém nós mesmos é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos.
Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da tevê. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.
Objetos que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis — porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada, sobre a razão íntima de seus atos.
Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade — e, até, que a nossa amizade lhe conferia caráter necessário de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. Reprod. Em: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973. p.1107-1108

 
ANTES
Levantamento de conhecimentos prévios dos alunos
Vocês já estiveram em um aeroporto?
Vocês já viajaram de avião?
O que as pessoas fazem em um aeroporto?
A partir do título “No aeroporto” é possível imaginar o assunto? O professor deverá ler em voz alta para a turma de alunos .
DURANTE
Faça comentários breves para prender o interesse dos alunos. Como por exemplo perguntar aos alunos se eles já conseguem formar uma ideia de como é Pedro e levantamento de hipóteses  sobre quem é a personagem;
Posteriormente , o professor retomará a estrutura do texto narrativo com questões relacionadas ao tempo , espaço , sequência de fatos , personagens (características físicas e psicológicas ) , foco narrativo, existência ou não de diálogo. Os alunos deverão recontar o texto oralmente , ao mesmo tempo em que o professor registra na lousa a sequência de fatos e também poderá intervir nesse processo.
Segue a isso a proposta de reescrita da crônica, em duplas, para que o professor possa avaliar a paragrafação, a pontuação , o discurso direto e indireto , a ortografia e a segmentação de palavras nessa etapa , são contempladas a coesão e a coerência e as características do gênero Crônica.
Que tipo de gênero textual pertence o texto ? Justifique.
Onde encontramos esse tipo de texto?
Depois O professor levará os alunos à sala de informática onde deverão pesquisar a biografia do  autor Carlos Drummond de Andrade
Por meio do youtube, ouvirão a música “Samba do avião” de Tom Jobim
Posteriormente, peça aos alunos que realizem uma pesquisa sobre o Gênero textual Crônica, a fim de que produzam uma coletivamente para apresentarem  à turma. Assim será realizada  a avaliação final.
          Professora Daniela de Souza da Silva Ribeiro
 

Situação de Aprendizagem para desenvolvimento da competência leitora.

O Aeroporto.
(Carlos Drummond de Andrade)
Sugestão de aula para 6º ano.
Tempo previsto: 4 aulas


  •         Ativação de conhecimentos prévios, mostrando imagens de diversos aeroportos, em especial o Galeão e sua localização.



  •         Mostrar imagens de pessoas se despedindo ou se encontrando, a fim de destacar emoções e sentimento presentes nesse espaço e nessa situação e trabalhar as possíveis emoções, sentimentos e sensações do momento.  



        _ Leitura feita pelo professor com pausas, fazendo questionamentos, inferências, análise e confirmando hipóteses

        _Uso do dicionário para ampliação do vocabulário.

 _Questões de entendimento do texto, tais como:
 1.Por que Pedro dava trabalho?
 2.Por que mesmo mudando toda a rotina da casa, as pessoas o admiravam?
 3.De que modo ele conseguia encantar as pessoas?
 4.Você convive ou já conviveu com alguém nas mesmas condições de Pedro? Conte-nos a respeito.


NO AEROPORTO
                                                 Carlos Drummond de Andrade
 Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a bem dizer, não se digne de pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.
 Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e oriental, e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.
 Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho; tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou importuno. Suas horas de sono - e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia - eram respeitadas como ritos sagrados, a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém nós mesmos é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da tevê. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.
 Objetos que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis — porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada, sobre a razão íntima de seus atos.
Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade — e, até, que a nossa amizade lhe conferia caráter necessário de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.
 Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. Reprod. Em: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973. p.1107-1108

 Produção de texto
 Pedir aos alunos que imaginem o que aconteceu após a partida de Pedro, como a família se sentiu, para onde Pedro foi, como ele está agora. A partir desses questionamentos, os alunos produzirão uma narrativa.

Professora Dilene de Lima Brugnaro


Situação de aprendizagem para desenvolvimento da competência leitora

Avestruz (Mário Prata)

Sugestão de aula para o 6º ano (5ª série)
Tempo previsto: 4 aulas

·         Ativação dos conhecimentos prévios
       A professora fará as seguintes perguntas:
1)      Quem tem animal de estimação?
2)      Quais são os animais de estimação mais comuns de se ter?
3)      Vocês conhecem alguém que tenha algum tipo de animal exótico?
4)      O que é um avestruz? Alguém sabe como ele é?

Em seguida, a professora apresentará algumas imagens de avestruz, bem como alguns vídeos engraçados e/ou curiosos com avestruz


·         Leitura em voz alta, de forma clara e expressiva pelo professor

Avestruz
Mario Prata

O filho de uma grande amiga pediu, de presente pelos seus 10 anos, um avestruz. Cismou, fazer o quê? Moram em um apartamento em Higienópolis, São Paulo. E ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era minha. Sim, porque foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino conheceu os avestruzes. Tem uma plantação, digo, criação deles. Aquilo impressionou o garoto.  
Culpado, fui até o local saber se eles vendiam filhotes de avestruz. E se entregavam em domicílio.
E fiquei a observar a ave. Se é que podemos chamar aquilo de ave. O avestruz foi um erro da natureza, minha amiga. Na hora de criar o avestruz, Deus devia estar muito cansado e cometeu alguns erros. Deve ter criado primeiro o corpo, que se assemelha, em tamanho, a um boi. Sabe quanto pesa um avestruz? Entre 100 e 160 quilos, fui logo avisando a minha amiga. E a altura pode chegar a quase 3 metros - 2,70 para ser mais exato.
Mas eu estava falando da sua criação por Deus. Colocou um pescoço que não tem absolutamente nada a ver com o corpo. Não devia mais ter estoque de asas no paraíso, então colocou asas atrofiadas. Talvez até sabiamente para evitar que saíssem voando em bandos por aí, assustando as demais aves normais.
Outra coisa que faltou foram dedos para os pés. Colocou apenas dois dedos em cada pé. Sacanagem, Senhor!
Depois olhou para sua obra e não sabia se era uma ave ou um camelo. Tanto é que, logo depois, Adão, dando os nomes a tudo o que via pela frente, olhou para aquele ser meio abominável e disse: Struthio camelus australis. Que é o nome oficial da coisa. Acho que o struthio deve ser aquele pescoço fino em forma de salsicha.
Pois um animal daquele tamanho deveria botar ovos proporcionais ao seu corpo. Outro erro. É grande, mas nem tanto. E me explicava o criador que os avestruzes vivem até os 70 anos e se reproduzem plenamente até os 40, entrando depois na menopausa. Não têm, portanto, TPM. Uma fêmea de avestruz com TPM é perigosíssima!
Podem gerar de dez a 30 crias por ano, expliquei ao garoto, filho da minha amiga. Pois ele ficou mais animado ainda, imaginando aquele bando de avestruzes correndo pela sala do apartamento.
Ele insiste, quer que eu leve um avestruz para ele de avião, no domingo. Não sabia mais o que fazer.
Foi quando descobri que eles comem o que encontram pela frente, inclusive pedaços de ferro e madeiras. Joguinhos eletrônicos, por exemplo. Máquina digital de fotografia, times inteiros de futebol de botão e, principalmente, chuteiras. E, se descuidar, um mouse de vez em quando cai bem.
Parece que convenci o garoto. Me telefonou e disse que troca o avestruz por cinco gaivotas e um urubu.
Pedi para a minha amiga levar o garoto a um psicólogo. Afinal, tenho mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz. 

PRATA, Mário. Avestruz. Disponível em: www.marioprataonline.com.br. Acesso em: 14 fev. de 2008


·         Ampliação da compreensão da crônica.
·         Leitura compartilhada para checagem das hipóteses e comentários gerais sobre o texto.
·         Sistematização do gênero:

Características de uma crônica.
Espaço.
Tempo.
Foco narrativo.
Personagens.
Diálogo.
Clímax.
Desfecho.

Neste momento, a professora pedirá que os alunos encontrem o parágrafo que corresponde a cada característica citada.

Ampliação do conhecimento:
·         Levar os alunos à sala de informática, para pesquisarem sobre os hábitos, características, habitat, alimentação e imagens de avestruzes.


Trabalho da escrita: registro escrito da pesquisa realizada.
Leitura de algumas crônicas, indicadas pelo professor, para a fixação do gênero estudado.

Professora Dilene de Lima Brugnaro




Sequência Didática em Competência Leitora
para alunos de 9º ano

Texto “Aeroporto”
(Carlos Drummond de Andrade)

O primeiro momento da Sequência Didática, será realizado através de uma sensibilização para o texto escolhido.

ANTES
·         Falar aos alunos que o texto aborda uma situação que podemos encontrar no nosso dia a dia; que é interessante, emocionante, além de surpreendente.
·         Chamar a atenção dos alunos para o gênero que lerão – crônica - tentando assim, ativar os conhecimentos prévios acerca desse gênero através de perguntas como: Você costuma prestar atenção às coisas que acontecem ao seu redor? Alguma vez já parou para refletir sobre algo que tenho acabado de observar?
·         Explicar aos alunos que o texto a ser trabalhado pertence à tipologia narrativa e questioná-los quanto a isso: o que se lembram sobre texto narrativo? O que se lembram sobre a crônica? Caso esqueçam de algumas das características relembrá-los(espaço, tempo, foco narrativo, personagem, diálogo, clímax e desfecho).
·         Detectar os conhecimentos prévios dos alunos a respeito do título: o que sabem, ou já ouviram falar, sobre “Aeroporto”?
·         Passar o vídeo institucional sobre a rotina diária do aeroporto do Galeão: http://www.youtube.com/watch?v=lsQq_ZpGdvg
·         Depois de assistirem o vídeo fazer algumas perguntas como: Qual é o assunto que eles esperam encontrar no texto que será lido? O que as pessoas fazem em um aeroporto? Eles já foram a algum aeroporto? É um lugar alegre ou triste? Dá para perceber sensações e emoções diferentes em um aeroporto? Por quê?
·         Diante dessas questões e informações levantadas, embarcar na leitura em voz alta (feita pelo professor) para comprovar ou não as expectativas criadas – leitura compartilhada.
·          
Aeroporto
Carlos Drummond de Andrade

Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-la a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras e, a bem dizer, não se digne pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas intenções para com o mundo ocidental e o oriental e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.
Devo admitir que Pedro, como visitante, nos deu trabalho: tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou inoportuno. Suas horas de sono — e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia — eram respeitadas como ritos sacros a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da TV. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.
Objeto que visse em nossa mão, requisitava-o. Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho.Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis — porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada sobre a razão íntima de seus atos.
Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade — e, até, que a nossa amizade lhes conferia caráter necessário, de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.
       

DURANTE
·         Ao longo do texto surgirão palavras que talvez eles não reconheçam = Galeão, quadrimotor, vã, parco, ameno, ostensiva, abonam, inoportuno, apraz, ritos sacros, Bach, requisitava-o, incontinência e puído. Tentar esclarecer essas palavras conforme forem aparecendo durante a leitura através de inferência ou consulta ao dicionário;
·         Depois de ler o primeiro parágrafo, perguntar aos alunos se eles já conseguem formar uma ideia de quem e como é Pedro;
·         Ler o segundo parágrafo e novamente pausar a leitura para indagar se imaginam o porquê de Pedro ser tão querido pelas pessoas;
·         Lido o terceiro parágrafo, verificar com eles se a ideia e imagem que fizeram acima se confirmam. Também perguntar se eles gostariam de receber em suas casas alguém como Pedro e também por que será que apesar de todo o trabalho que esse hóspede dá, as pessoas continuam se importando tanto com ele;
·         No quarto parágrafo, verificar com os alunos se eles imaginam o porquê de Pedro agir assim: querer pegar todas as coisas que vê e ainda pô-las na boca;
·         No quinto parágrafo, verificar mais uma vez a imagem que estão fazendo de Pedro: elas se mantiveram durante a leitura? Alguém já faz ideia de quem é ele?
·         No último parágrafo, onde o “mistério” é revelado, levá-los a refletir sobre a última fala do narrador “De repente o aeroporto ficou vazio.”. O que será que o narrador quis dizer com isso? Após algumas respostas questionar se eles já se sentiram assim algum dia.

DEPOIS
·         Feita essa leitura e tendo discutido todas as hipóteses já reveladas, partir para o momento de reconto. Agora, o professor pode designar um aluno para isso, ou ainda, permitir que a sala, em ordem, vá recontando a história lida. Enquanto os alunos recontam, o professor anota as informações na lousa – o professor também pode intervir nesse processo relembrando fatos que os alunos podem ter esquecido.
·         Nesta nova etapa, o professor pode solicitar aos alunos que falem sobre essa relação de amizade mencionada no texto e pergunte a eles como lidam como são as suas relações de amizade, lembrando-lhes o valor de uma amizade.
·         Antes de passar para a fase de produção textual  levar a música “Amizade é tudo” do grupo Jeito Moleque (http://letras.mus.br/jeito-moleque/1545748/). Depois de ouvir a música perguntar se eles encontraram pontos em comum entre o texto de Drummond e a música. 

·         Para finalizar pedir que escrevam um texto narrativo contando a história de uma grande amizade, pedindo que eles deixem que depois das devidas correções do professor (pontuação, ortografia, coesão, coerência) poderá ser compartilhada no blog da escola ou da classe. 
Professora Eliane.

Texto Avestruz - Mario Prata

Olá pessoal, abaixo está minha sequência didática do texto trabalhado na aula presencial.
Texto : Avestruz - Mário Prata.



Atividade Proposta = Estratégia de Leitura


Texto analisado = AVESTRUZ


1º PASSO (Estratégias antes da leitura)
Sensibilização dos alunos através de uma animação (vídeo) ou uma fábula. Fazer uma sondagem com um ovo de avestruz e levantar os conhecimentos prévios deles. Antecipação do tema ou ideia principal a partir do exame de imagens (fotos detalhadas dos avestruzes).

2º PASSO (Estratégias durante a leitura)
Leitura Compartilhada – lendo cada trecho e fazendo inferências a respeito do pedaço lido. Ativação dos conhecimentos de mundo, checagem de hipóteses, localização de informações, inferências locais, relações de intertextualidade, valores éticos.

a) Será que o garoto vai ganhar o que pediu?
b) Vocês pediriam também uma avestruz?
c) Como vocês acham que se cuida de um animal desse tamanho?
d) Como seria criar esse bicho em um apartamento?
e) O que é “entrega em domicílio”?
f) Vocês acham que o menino vai querer a avestruz mesmo comendo tudo o que encontra pela frente?
g) A criação de Deus veio com defeitos, essa descrição do autor não nos leva a ter certo preconceito?
h) Como o menino ficou convencido de desistir da avestruz?
i) O que o menino propôs para trocar seu presente?
j) O que o homem sugere para a amiga? Por que ele sugere levar o menino a um psicólogo?
k) O texto dá pistas para saber se o narrador é homem ou mulher?

3º PASSO (Estratégias após a leitura)
Troca de impressões:
Verificar se a expectativa das hipóteses ficou em acordo com o final da história, se gostaram ou não do final. O que eles pediriam no lugar do menino. Se ele fez uma boa escolha (um bom pedido).

Atividade Escrita
Pedir para que os alunos transformem a história em HQs (História em Quadrinhos), destacando os elementos da narrativa: espaço, tempo, foco narrativo, personagens, diálogo, clímax e desfecho."
 
Professora responsável : Denise de C. F. da Rocha

domingo, 9 de junho de 2013

"O Livro que só queria ser lido"


(Uma Adaptação do conto Homônimo de José Letria, p'los Valdevinos - Teatro de Marionetes.)

'Ola Pessoal. Sugerimos mais esse vídeo a vocês que estão visitando nosso Blog. O vídeo "O Livro que só queria ser lido", conta uma linda história de um livro que teve o seu tempo, que esteve na moda, que passou de mão em mão, que teve leitores apaixonados e depois acabou na prateleira do aquecimento e da solidão; E que tinha de forma incessante alimentar um sonho - o de voltar a ser lido,que é uma forma de ser amado. Durante a sua solidão, teve como companhia uma velha máquina de escrever, que também caístes na condenação do esquecimento. Juntos, foram encontrados formas de ultrapassar a tristeza de se sentirem esquecidos. O Livro que só Queria Ser Lido, traz consigo uma riqueza de Ensino, uma Aprendizagem que é um elogio do livro transmitido pela leitura e concerne uma verdade essencial: os livros partilharão sempre conosco, pela vida a fora, a magia da aventura e do saber;'

Professora de Língua Portuguesa - Creusa Calixto.

Drop Literário: Um pouco mais sobre Clarice Lispector

 
 
 
 
  
 
 
Professora Daniela Ribeiro
Primeiro contato com a leitura



Meu contato com a leitura ocorreu durante a 1a série do ensino fundamental ciclo I . Minha ex professora de nome Aparecida  fez com que a leitura "aparecesse" para mim como uma agradável descoberta. Sabemos das criticas em relação à cartilha, mas foi a cartilha Caminho Suave que  tranquilizou a minha aprendizagem  em relação à leitura de palavras que ela tomava de cada aluno. No entanto, na 4a série  do primário uma professora me marcou no sentido de que não me incentivava a escrever. E foi na 5a série que minha professora de Português  apresentou à turma livros paradidáticos da série Vagalume. 
Assim, adorava ler esses livros. Quanto ao Ensino Médio, pelos bons professores que tive, acabei por despertar para a Literatura e eis -  me aqui ,hoje, professora de Língua Portuguesa. E vejo em muitos de meus alunos com "olhos brilhantes"o  encantamento do mundo literário. Adoro muito a escritora Clarice Lispector, me identifico demais com sua escrita, suas frases principalmente porque seu principal objetivo é o de atingir  as regiões mais profundas  da mente das personagens para sondar complexos mecanismos psicológicos. São comuns em Clarice histórias sem começo, meio ou fim. Por isso, ela se dizia, mais que uma escritora, uma "sentidora", porque registrava em palavras aquilo que sentia. Mais que histórias, seus livros apresentam impressões e  isso me encanta...
As personagens criadas por Clarice Lispector descobrem-se num mundo absurdo; esta descoberta dá-se normalmente diante de um fato inusitado - pelo menos inusitado para a personagem. Aí ocorre a “epifania”, classificado como o momento em que a personagem sente uma luz iluminadora de sua consciência e que a fará despertar para a vida e situações a ela pertencentes que em outra instância não fariam a menor diferença.
Esse fato provoca um desequilíbrio interior que mudará a vida da personagem para sempre.
Para Clarice, "Não é fácil escrever. É duro quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados". "Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas". "Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo."
   "Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo".        
 

Professora Daniela de Souza da Silva Ribeiro

sábado, 8 de junho de 2013


 "Elos do Conhecimento (Vó e Netos); Professora como figura essencial do Saber"


'Na minha infância, minha avó explorava o seu tempo contando histórias de sua vida na Itália, era muito bom, pois minha avó não sabia ler e nem escrever, mas tinha um raciocínio excelente. Aprendi a gostar de leitura ouvindo as histórias de vó. Lembro que pegava livros até de ponta cabeça e contava historinhas para as minha bonecas;  
Eu me divertia ouvindo o meu próprio som contando cada história que acabava acreditando. Acredito que essas histórias ouvidas pela vó despertou o interesse de ouvir outras histórias, ou seja, histórias essas que outras pessoas contavam, com mundo desconhecidos e viagens que despertariam o interesse de explorar outras fontes de conhecimento. Partindo desse interesse em descobrir novos mundo com base nas histórias contadas por outras pessoas fui fazer Psicologia. Atualmente trabalho com a diversidade das áreas de conhecimento, Língua Portuguesa, Pedagogia, Filosofia e Sociologia, onde despertou ainda mais a interação ou o melhor contato com a leitura.
Aprendi a ler e ainda falta muito para entender á "aprender a aprender",pois cada leitura é uma nova experiência, uma busca pelo novo. A capacidade de entender facilitou muito com a leitura. Hoje leio em média 5 a 6 livros por ano de vários gêneros.
Os mecanismos psicológicos distinguem o homem e são essenciais na aquisição de conhecimento. Como sujeito da identidade, podemos refletir nas categorias princípios da própria natureza e da estrutura da Leitura e Escrita. A estrutura predomina em grande parte do pensamento - um raciocínio lógico.
A lógica como uma ciência da linguagem pode fundamentar nossa leitura e escrita. A lógica formal consiste em uma investigação das categorias e princípios através das quais pensamos sobre a leitura. Através da Leitura podemos fazer uma viagem de volta ao passado, assim como ir para o futuro. Ela nos enriquece a cada momento. A pratica com os alunos acabo nos envolvendo a cada momento do seu conhecimento que nos traz com a leitura de sua vida.
O costume de ler liberta o ser humano, dos momentos de solidão para o momento prazeroso da prática de ler.'


Professora  de Língua Portuguesa - Creusa Calixto

quinta-feira, 6 de junho de 2013


A leitura em minha vida

A primeira lembrança que tenho com a leitura é a de meu pai lendo uma coleção de clássicos da literatura infantil. Eram livros grandes, em quadrinhos, com uma ilustração linda, que ele os lia para mim.  Meu pai, que só estudou até a 4ª série, era um leitor muito competente, e o foi até o fim da vida. Lia livros de história, jornais, mapas, revistas, até livros didáticos, fazia comentários e emitia opiniões. Meu avô, que morava em casa, tinha uma coleção de revista “Seleções”, e as lia constantemente. Penso que o meu gosto pela leitura teve início na minha família, como alguns depoimentos que vimos.
Quando fui para a escola, continuei a ler muito, pois havia uma pequena biblioteca, onde retirávamos os livros. A minha preferência era para os de Monteiro Lobato. Assistíamos ao seriado na TV, mas já conhecíamos as histórias de antemão.  Outra experiência que ficou guardada para mim foi a da minha professora da 2ªserie que leu “O menino do dedo verde”. Ela lia um capítulo por dia e nós ficávamos ansiosos para o próximo. Era um momento muito especial.
Depois, quando descobri que gostava da língua materna, comecei a ler todo e qualquer clássico da literatura, pois acreditava que uma professora de Português deveria ler tudo. E assim, comprava e lia, mesmo não tendo maturidade para entender alguns, como foi o caso da “Divina Comédia” e a” Odisseia”, que só mais tarde, pude entender.  Outros lia e relia, pois me fascinavam.

Gosto muito de ler. Não leio o quanto desejo, pois o tempo é escasso, mas mesmo assim acho que a leitura nos ajuda a entender melhor o mundo, a desenvolver uma consciência mais crítica em relação a tudo, além de nos dar um prazer imenso, nos levar a mundos imaginários, nos prender de tal forma que não queremos fazer mais nada, a não ser, ler mais e mais para saber o que vai acontecer. 

Dilene de Lima Brugnaro

O brasileiro não lê

Sempre ouvimos essa frase como desculpa pelo mau desempenho dos alunos na escola. Eu mesma já repeti isso algumas vezes, o brasileiro não lê e por isso não consegue interpretar bem os textos. Mas essa semana me deparei com um artigo do editor Danilo Venticinque da Revista Época que questiona essa máxima. Achei interessante e deixo aqui para a nossa reflexão. Boa leitura!

Eliane do Nascimento Aleixo Dias Ribeiro - Professora de Língua Portuguesa.

O brasileiro não lê

A história de uma frase feita, e uma sugestão para quem insiste em repeti-la

DANILO VENTICINQUE
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Danilo Venticinque é editor de livros de ÉPOCA. Conta com a revolução dos e-books para economizar espaço na estante e colocar as leituras em dia. Escreve às terças-feiras sobre os poucos lançamentos que consegue ler, entre os muitos que compra por impulso (Foto: Sidinei Lopes/ÉPOCA)
O brasileiro não lê. Ao menos é isso que eu tenho escutado. Por obrigação profissional e por obsessão nas horas vagas, costumo conversar muito sobre livros. Com uma frequência incômoda, não importa qual é a formação de quem fala comigo, essa frase se repete. Amigos, taxistas, colegas jornalistas, escritores e até executivos de editoras já me disseram que o brasileiro não lê.
Quando temos dificuldade para entender uma frase, uma boa técnica de aprendizado é repeti-la várias vezes. Um dos meus primeiros professores de inglês me ensinou isso. Nunca pensei que fosse usar esse truque com uma frase em português. Mas, depois de ouvir tantas vezes que o brasileiro não lê, e de discordar tanto dos que dizem isso, resolvi tentar fazer esse exercício. Talvez enfim eu os entenda. Ou talvez eu me faça entender. 
O brasileiro não lê, mas a quantidade de livros produzidos no Brasil só cresceu nos últimos anos. Na pesquisa mais recente da Câmara Brasileira do Livro, a produção anual se aproximava dos 500 milhões de exemplares. Seriam aproximadamente 2,5 livros para cada brasileiro, se o brasileiro lesse. 
O brasileiro não lê, mas o país é o nono maior mercado editorial do mundo, com um faturamento de R$ 6,2 bilhões. Editoras estrangeiras têm desembarcado no país para investir na publicação de livros para os brasileiros que não leem. Uma das primeiras foi a gigante espanhola Planeta, em 2003. Naquela época, imagino, os brasileiros já não liam. Outras editoras vieram depois, no mesmo movimento incompreensível.  
O brasileiro não lê, mas desde 2004 o preço médio do livro caiu 40%, descontada a inflação. Entre os motivos para a queda estão o aumento nas tiragens, o lançamento de edições mais populares e a chegada dos livros a um novo público. Um mistério, já que o brasileiro não lê. 
O brasileiro não lê – e os poucos que leem, é claro, são os brasileiros ricos. Mas a coleção de livros de bolso da L&PM, conhecida por suas edições baratas de clássicos da literatura, vendeu mais de 30 milhões de exemplares desde 2002. Com seu sucesso, os livros conquistaram pontos de venda alternativos, como padarias, lojas de conveniência, farmácias e até açougues. As editoras têm feito um esforço irracional para levar seu acervo a mais brasileiros que não leem. Algumas já incluíram livros nos catálogos de venda porta-a-porta de grandes empresas de cosméticos. Não é preciso nem sair de casa para praticar o hábito de não ler.   
O brasileiro não lê, mas vez ou outra aparecem best-sellers por aqui. Esse é o nome dado aos autores cujos livros muitos brasileiros compram e, evidentemente, não leem. Uma delas, a carioca Thalita Rebouças, já vendeu mais de um milhão de exemplares. Seus textos são escritos para crianças e adolescentes – que, como todos sabemos, trocaram os livros pelos tablets e só querem saber de games. Outro exemplo é Eduardo Spohr, que se tornou um fenômeno editorial com seus romances de fantasia. Ele é o símbolo de uma geração de novos autores do gênero, que escrevem para centenas de milhares de jovens brasileiros que não leem. 
O brasileiro não lê – e, mesmo se lesse, só leria bobagens. Mas, há poucos meses, um poeta estava entre os mais vendidos do país. Em algumas livrarias, a antologia Toda poesia, de Paulo Leminski (1944-1989), chegou ao primeiro lugar. Ultrapassou a trilogia Cinquenta tons de cinza, até então a favorita dos brasileiros (e brasileiras) que não leem. 
Na semana passada, mais de 40 mil brasileiros (que não leem) eram esperados no Fórum das Letras de Ouro Preto. Eu estava lá. Nas mesas de debates, editores discutiam maneiras de tornar o livro mais barato e autores conversavam sobre a melhor forma de chamar a atenção dos leitores. Um debate inútil, já que o brasileiro não lê. A partir desta semana, entre 6 e 16 de junho, a Feira do Livro de Ribeirão Preto (SP) deve receber mais de 500 mil pessoas. Na próxima segunda-feira (10), começa a venda de ingressos para a cultuada Festa Literária Internacional de Paraty, que inspirou festivais semelhantes em várias outras cidades do país. Haja eventos literários para os brasileiros que não leem. 
Na pesquisa Retratos da Leitura, divulgada no ano passado, metade dos brasileiros com mais de 5 anos disse não ter lido nenhum livro nos últimos três meses. É compreensível, num país em que há poucas livrarias, as bibliotecas públicas estão abandonadas e 20% das pessoas entre 15 e 49 anos são analfabetas funcionais. Mas há outra metade. São 88,2 milhões de leitores. Alguns se dedicam mais à leitura; outros, provavelmente a maior parte deles, são leitores ocasionais. Há um enorme potencial para crescimento, mas já é um número animador. 
Os brasileiros começaram a ler. Falta começar a mudar o discurso. Em vez de reclamar dos brasileiros que não leem, os brasileiros que leem deveriam se esforçar para espalhar o hábito da leitura. Espalhar clichês pessimistas não vai fazer ninguém abrir um livro. 
Eu poderia ter repetido tudo isso para cada pessoa de quem ouvi a mesma frase feita. Mas resolvi escrever, porque acredito que o brasileiro lê. 
(Danilo Venticinque escreve às terças-feiras)

http://revistaepoca.globo.com/cultura/danilo-venticinque/noticia/2013/06/o-brasileiro-nao-le.html